Um artista essencial para o cinema cult
A morte de Udo Kier, aos 81 anos, encerra uma trajetória rara no cinema mundial. Mesmo assim, falar sobre sua carreira não é apenas listar filmes: é reconhecer um artista que atravessou décadas, estilos e movimentos, mantendo uma presença singular em cada projeto. Embora ele tenha trabalhado com grandes nomes, como Lars von Trier, Paul Morrissey, Rainer Werner Fassbinder, Gus Van Sant e Kleber Mendonça Filho, sua força estava justamente na capacidade de transitar por tudo isso sem perder identidade. Assim, sua despedida movimenta tanto o público cinéfilo quanto a cena internacional.
Uma filmografia intensa e diversa
Ao longo de mais de 50 anos, Kier acumulou mais de 200 filmes, algo que, inclusive, demonstra o quanto ele era procurado por diretores que buscavam um rosto capaz de carregar estranheza, humor e tensão ao mesmo tempo. Portanto, apesar de muitas pessoas reconhecerem Kier por papéis excêntricos ou de vilão, sua atuação sempre ia além da caricatura. Aliás, é por isso que ele ficou marcado no cinema de horror europeu da década de 1970, aparecendo em títulos como Flesh for Frankenstein e Blood for Dracula.
Ainda que sua carreira tenha sido construída majoritariamente no exterior, Kier também teve impacto no Brasil. Em Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, ele interpretou Michael, personagem que se tornou um dos antagonistas mais lembrados do cinema brasileiro recente. Além disso, ele trabalhou novamente com Kleber em O Agente Secreto. Dessa forma, sua relação com o Brasil não foi superficial; ela rendeu colaborações importantes, que ajudaram a introduzir sua imagem para um novo público.
Participação interrompida em games
Além do cinema, Kier também expandiu sua atuação para os videogames. Sua presença estava confirmada em OD – Knock, novo projeto de Hideo Kojima, o que reforça como sua figura continuava relevante mesmo com o avanço de novas tecnologias e formatos narrativos. Entretanto, sua morte encerra essa participação, deixando uma lacuna no projeto e na expectativa dos fãs.
Repercussão e legado
A notícia de sua morte gerou reações de artistas do cinema mundial. No Brasil, Kleber Mendonça Filho publicou uma homenagem destacando que Kier foi “um artista único” e que seguirá “para sempre na memória”. Assim, fica evidente que sua importância não se limita à quantidade de filmes, mas à maneira como ele influenciou a linguagem cinematográfica em diferentes países.
Mesmo que sua trajetória tenha sido longa, Kier nunca se limitou a uma zona de conforto. Portanto, lembrar de Udo Kier é revisitar não apenas obras marcantes, mas também um espírito criativo que se adaptou a diferentes gerações sem perder força. Como resultado, seu legado permanece vivo, tanto nos filmes históricos quanto nas produções recentes que continuam sendo descobertas pelo público.
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