Na medida em que os filmes vem e vão, alguns permanecem no imaginário popular ou de um nicho específico. É o que a gente chama carinhosamente de um filme “cult”. Cartas na Mesa (em seu título original, Rounders) pode ser um deles facilmente. Com a indústria cinematográfica voltando seus olhos a blockbusters cinematográficos, é sempre bacana olhar para filmes como este.
Lançado em 1998, Cartas na Mesa estrela Matt Damon como um estudante de Direito que luta para se manter longe das mesas de poker – onde ele perdeu uma quantidade significativa de dinheiro anteriormente. Contudo, a personagem de Damon (Mike McDermott) sofre uma recaída quando seu melhor amigo impulsivo sai da cadeia (Worm, interpretado pelo sempre ótimo Edward Norton). Bom, não vamos contar a sequência do filme porque isso seria bastante sem graça né? Vamos focar em outra coisa.
A maioria dos filmes que se presta como “cult” acabam por passar lições ao público. O grande mérito de Cartas na Mesa foi ser a ignição que faltava para duas coisas: as carreiras de Matt Damon e Edward Norton (depois deste filme vieram as obras primas de ambos, Identidade Bourne e Clube da Luta) e do poker como fenômeno global. Esse fenômeno, aliás, tem nome: Efeito Moneymaker. O filme fomentou a então nascente indústria de sites que forneciam o poker pela internet – o primeiro campeão mundial de poker com carreira na internet chama-se Chris Moneymaker, que se classificou através de torneios satélites do site
PokerStars para a World Series of Poker.
Em uma entrevista, Chris disse que o que lhe inspirou a aprender o Texas Hold´em – modalidade mais popular do esporte – foi o filme Cartas na Mesa.
Mas e quanto às lições? Não esquecemos. Mas você pode não ler se não viu o filme – spoiler alert. A primeira delas é que todo mundo tem um amigo como Worm, aquele cara que pode te levar ao fundo do poço. Em Cartas na Mesa é exatamente isso que acontece – e McDermott aprende do jeito difícil. Outra lição que o filme nos passa é que, em essência, as pessoas sempre vão ser do jeito que elas são. Elas podem até falar para você que mudaram mas a espinha dorsal ainda está lá. McDermott sempre vai ser um jogador de poker, não importa o que ele falasse para a namorada. A cena que mais demonstra isso é quando ele ajuda juízes e promotores num jogo de poker entre eles. Aquilo é o que ele faz de melhor na vida.
Norton sinaliza que o filme pode ter uma sequência.
Considerado por muitos um dos melhores filmes de poker de todos os tempos, muitos fãs clamam por uma sequência do filme. Em 2009, David Levien, um dos roteiristas do filme, disse em uma entrevista que planejava rascunhar ideias para uma sequência. Em 2013 as coisas pareceram mais certas mas nada de novo foi anunciado desde então. No site IMDB – maior database da indústria cinematográfica no mundo – o filme continua listado como “em desenvolvimento”.
No ano passado, porém, Edward Norton deu uma entrevista a David Letterman que animou os fãs; “Acho que existe a possibilidade. Tipo, a gente não poderia ter tido mais diversão do que tivemos quando fizemos o filme. Foi um dos melhores grupos com quem trabalhei. Fizemos o filme bem no epicentro do ressurgimento do poker como fenômeno. Eu e Matt conversamos depois e brincamos que deveríamos ter negociado para receber 5% de comissão em cada pot de poker jogado depois do filme ser lançado. Aí a gente poderia fazer o filme com nosso próprio dinheiro”, disse o ator.
De uma forma ou de outra, há o interesse de um dos protagonistas – senão dos dois – e do roteirista. Só falta o estúdio começar para valer. Aguardemos (e vamos torcer para que não seja uma sequência horrível).
Publicar comentário