Quem disse que balé é apenas para meninas?
Quem conhece a história da dança reconhece que o balé é tão masculino quanto feminino. O balé surgiu na Corte Européia por volta de 1400. Nessa época, saber dançar era sinal de status e boa educação. Inicialmente, só os homens podiam dançar. Eles apresentavam-se em grandes espetáculos com muita dança, poemas, canções e apresentações teatrais.
A dança está relacionada à época e aos costumes, e não à homossexualidade como muitos pensam. Para a bailarina e professora Mônica Tarragó, o preconceito tem muito a ver com problemas culturais. Ela afirma que para minimizá-lo é necessário que os pais deixem que a criança escolha a atividade que quer realizar, dando apoio, incentivo e auxílio na educação. “Os pais devem ouvir seus filhos e apoiá-los em suas escolhas”, comentou. Segundo ela, fazendo isso, a família ajuda a romper barreiras, mostrando para a sociedade que cada um tem direito de escolha.
Romper barreiras foi o que Patrícia Santos, 36, fez quando o filho de nove anos decidiu fazer balé. Ela afirma que a iniciativa partiu dele mesmo, que viu a irmã dançando e se interessou. “Um dia ele me perguntou se homem também fazia balé. Eu falei que sim, e ele me disse que queria fazer”, contou.
Patrícia encarou a escolha do filho numa boa, mas teve de lidar com o preconceito de outras pessoas. Ela relembra que, após ouvir comentários, seu filho chegou a lhe perguntar sobre sua sexualidade. “Meu filho chegou e me disse que seu amiguinho queria fazer balé, mas o pai não deixou porque era coisa de veado, então, ele me perguntou se ele era veado, e eu disse que não. Na verdade, eu acho que ele nem sabe o que é isso”, comentou.
Patrícia e o marido nunca tiveram preconceito e sempre procuraram apoiar os filhos. “Preconceito não leva ninguém a lugar nenhum. Se a criança quer, os pais devem deixar. Tem tanta criança na rua fazendo coisas erradas. Se estivessem no balé ou em outra atividade não estariam na rua”, finalizou.
Por: Keli Gois
Reprodução: Agência Paraisópolis
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